Apresentação
Caro
leitor, essa obra embora tenha seus poucos traços fictícios, é repleta de fatos
históricos, dentro de uma época em que o homem começava a desencarnar daquela
cultura religiosamente católica, momento esse em que sua mentalidade despertava
sobre si mesmo dentro de seu tempo, ou até mesmo, posso dizer que essa é uma
das primeiras etapas pelo qual o homem passou para chegar a contemporaneidade.
Portanto, se não entender a presença de alguns objetos como os óculos
desprovidos de hastes e com apertadores sobre os narizes, em sua maioria dos
mais velhos, entenda ao menos que tal objeto fora criado no início do século
XIII, por um tal de Robert Grosseteste, esse sendo um bispo e amigo de Roger
Bacon, um dos primeiros empíricos de sua época, coitado, acabou com seus
tecidos corpóreos na fogueira, em 1277.
Estou
falando de uma época em que livros não eram carregados em computadores,
tablets, ou até mesmos em bolsos, mas sim, em duas mãos, muitas vezes espessos,
quando não copiados por monges de lugares longínquos, recebiam tinta de placas
de madeira, o que os deixavam marcados com as letras, palavras, frases e
textos. Entretanto, aquela ainda era uma época de livros envenenados e
censurados a grande maioria da população camponesa e citadina. Salve Johannes
Gutenberg, por ter revolucionado o modo de prensar livros, com certeza os
clérigos o odiaram.
Por
muitas vezes nesse livro, você, caro leitor, perceberá a presença de feiras com
produtos de todos os lugares do mundo, “ops”, quase todo o mundo, a lã dos
Países Baixos, as especiarias e a seda do Oriente, o vinho e azeite ibéricos,
tais produtos eram de ótima qualidade, as feiras duravam semanas, meses e se
prolongava por anos por toda a Europa. Elas eram o meio de maior intercambio
cultural, social e econômico, embora condenadas pela igreja por fazem uso da
usura, bom... Se fosse assim, todos vamos para o inferno.
Mas
ir para o inferno por usura se tornou um grande problema para a igreja,
portanto, criou-se o purgatório, por vezes irá ler essa palavra nesse livro
desgraçado. Para os grandes jogadores de baralho, seja de boteco, de rua ou de
salões, saibam que o baralho surgiu nessa época, e por causa dele, homens
viviam brigando nas ruas sujas e desorganizadas da velha Paris. Ah... a velha
Paris, Giovanni, o protagonista a amava.
Se
você que está lendo, está sentado, talvez esteja com alguma roupa de botões, se
não fossem esse botões, poderíamos dizer que você estaria “danado”, eles também
foram uma criação genuinamente medieval e ajudaram muitas mulheres a usarem
roupas mais apertadas, mesmo que fosse necessário prender os seus pulmões ou
soltarem “puns” em meio as ruas europeias.
Até
agora falei de ruas, mais precisamente ruelas, elas eram parte integrante e
importante das cidades nesse período, desde o ano 1000, era por essas ruelas
que se encontravam as mulheres da vida, as bancas de peixe bom com peixe
estragado, ou até mesmo se encontrava uma suja taberna para beber um vinho
suave e barato. Entretanto, deveria tomar cuidado, as pessoas jogavam fezes e
urina pela janela, as fezes ou “merdas”, como você quiser chamar, desciam para
os muros e davam um ar fétido as cidades medievais.
Antes
de terminar essa apresentação, direi o principal alvo desse livro mundano, a
peste negra, negra pelo cheiro de morte com seiscentos mortos por dia em várias
cidades da Europa, negra pelos grandes bubões que nasciam nos pescoços, nas
axilas e nas virilhas de homens, mulheres e crianças, negra pelo ar pesado e
pelo medo. Aquele ano de 1347, fora terrível, principalmente para o os
italianos que amaldiçoavam os judeus e os barcos que chegavam de Caffa, a oeste
da Ásia Menor.
A
peste negra fora sem dúvida o maior desastre biológico, não se assuste com
números, mas cerca de quarenta por cento da população pereceu sobre o efeito de
hemorragias e buracos por todo o corpo, claro, buracos sim! Os bubões
estouravam com o tempo, os buracos ficavam ao relento e passava a ter um odor
fétido. A doença causava desespero a todos, a medicina era pouco desenvolvida e
não achava resposta, meios ou possibilidades de cura.
De
qualquer maneira, espero que goste desse livro, fora feito com muita pesquisa e
amor a minha querida História, delicie-se com os peixes das feiras, com as
frutas, com os teatros pagãos da piazzas “praças” italianas e não se amedronte
ou enoje com a comida estragada da camada dominada.
O
Autor
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